
Nas últimas cinco eleições
presidenciais, a disputa se resumiu a um Fla-Flu entre PT e PSDB. Desde o
início das campanhas, sabia-se que o vencedor seria de um desses dois
partidos — e que as demais legendas participariam como meras
coadjuvantes. A polarização entre petistas e tucanos era tão
cristalizada que até os argumentos esgrimidos nos debates se repetiam
votação após votação. Em 2006 e 2010, por exemplo, os petistas repisaram
a cantilena de que os tucanos, caso vitoriosos, privatizariam a
Petrobras e o Banco do Brasil. Era balela, mas o PSDB não conseguiu, nas
duas ocasiões, rechaçar tal ataque nem mostrar aos eleitores os
benefícios decorrentes das privatizações realizadas no governo Fernando
Henrique. O quadro era sempre previsível quanto aos protagonistas, às
armas usadas por eles e à indigência dos debates. Em 2014, pela primeira
vez em 25 anos, esse cenário pode mudar. Se confirmadas as candidaturas
do ex-governador José Serra e da ex-ministra Marina Silva, pelo menos
cinco nomes competitivos disputarão o Palácio do Planalto. Essa mudança
abrirá a possibilidade de uma campanha mais rica em conteúdo, em
substituição à escolha plebiscitária que imperou nos últimos anos.

As candidaturas da presidente Dilma
Rousseff, do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador de Pernambuco e
presidente do PSB, Eduardo Campos, estão encaminhadas. Falta a definição
de Marina e Serra, que darão sinais claros de seus planos nesta semana,
quando acaba o prazo de filiação para quem pretende se candidatar em
2014. Segunda colocada nas pesquisas e depositária de quase 20 milhões
de votos na corrida presidencial de 2010, Marina luta para montar o
próprio partido, a Rede Sustentabilidade, mas enfrenta dificuldades para
convencer o Tribunal Superior Eleitoral a aprová-lo. A ex-ministra não
conseguiu entregar ao TSE as 492 000 assinaturas de apoio à Rede
exigidas pela legislação. Ela alega que esse número não foi alcançado
porque cartórios eleitorais, sob a batuta de adversários políticos,
boicotaram a certificação das assinaturas — rejeitando-as sem fundamento
ou, simplesmente, demorando para analisá-las. “Será um escândalo se a
Rede não for avalizada, depois da criação do Pros e do Solidariedade”,
disse Marina a aliados. Ela se referia ao 31º e ao 32º partidos do país,
autorizados a funcionar apesar de fartas evidências de que entregaram
assinaturas de apoio fraudadas ao TSE.
Fonte: VEJA
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