segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mãe e filho se formam juntos no programa Travessia, em PE



O sentimento era mesmo de dever cumprido entre as 12 mil pessoas que participaram da solenidade, entre estudantes, professores e equipes técnicas. Ao todo, a iniciativa do governo estadual, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, formou 24 mil alunos de 154 municípios pernambucanos no ensino fundamental e médio. Participaram do evento o governador Eduardo Campos e o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto.

Judite Amorim parou de estudar aos 18 anos para cuidar de Vitor Hugo, que tinha acabado de nascer. Dezessete anos depois, os dois ganharam o certificado de conclusão do ensino fundamental, por meio do programa Travessia, em cerimônia na tarde desta domingo (15), no Centro de Convenções, em Olinda. Mãe e filho estudaram juntos em uma escola da rede estadual, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR). "Ele não gostava de estudar muito e eu era boa em português. Foi bom porque eu fiscalizava tudo de perto. A gente se ajudou, fizemos companhia um ao outro, e a sensação hoje é ótima", disse Judite.

Idosa batalhou para estudar. (Foto: Luna Markman/ G1)
"A missão do programa é enfrentar um dos maiores desafios da educação brasileira, que é a distorção idade/série. São aqueles estudantes que, por várias razões, não conseguiram seguir a educação básica na idade certa. Pernambuco tem enfrentado esse problema com continuidade. Já são mais de 170 mil formados no Travessia. É um exemplo para o país", disse a gerente de Educação e Implementação da Fundação Roberto Marinho, Vilma Guimarães.

Condufia Ribeiro, 60 anos, trocou a escola, aos 17 anos, pelo casamento. “Meu marido era ciumento, até batia em mim quando eu queria ir para a aula. Depois, tive problemas com álcool. Quando vi minhas irmãs, que pararam no tempo como eu, voltando a estudar, quis também. Nem a minha catarata me impediu de estudar à noite, fui até o fim”, contou.

Ex-aluna agora ensina no Travessia. (Foto: Luna Markman/ G1)Ela fez o ensino médio em uma escola pública em Rio Doce, Olinda, onde também estudaram as amigas Camila Simplício, 21 anos, Luiza Queiroz, 19, e Tábata Souza, 21. “Hoje em dia, para conseguir um trabalho, pedem ensino médio concluído, por isso quis entrei no programa para ter chances”, disse Luiza. Diversas repetições e gravidez tinham afastado as jovens das aulas, mas agora, todas elas, sonham em entrar na universidade.
Caminho semelhante ao traçado por Amanda Gomes, 24 anos.  Quando ela tinha 15, engravidou e passou dos anos fora da escola. Ingressou no Travessia, em uma escola pública no município de Sertânia, no Sertão pernambucano, e depois fez faculdade de biologia, na Paraíba. “Vi no projeto a chance de recuperar o tempo perdido. Passei em segundo lugar no vestibular, estou terminando a pós [graduação] e agora voltei para a mesma escola onde estudei para ser professora do projeto. Sou um exemplo de que é possível vencer”, comentou

Como explicou o secretário de Educação, Ricardo Dantas, também presente na formatura, a ideia do programa é diminuir a distorção entre idade e série dos alunos, problema recorrente, principalmente, na RMR. “Ele resgata a vontade de estudar e, quem faz isso, aumenta as chances de gerar renda e melhorar de vida, movimentando também a economia do estado. Todos os municípios podem participar, bastando formar uma turma com número mínimo de 25 estudantes."
                                         Alceu Valença fez show no encerramento do Travessia



G1/PE
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