Melhorar os índices na educação pode se tornar um requisito básico
para que prefeitos e governadores tentem a reeleição. O Projeto de Lei
7.420/06 – Lei de Responsabilidade Educacional –, cujo parecer será
apresentado hoje em comissão especial da Câmara dos Deputados,
estabelece que gestores de cidades que registrarem piora nos índices de
qualidade na educação entre o começo e o fim de seus mandatos ficarão
inelegíveis por cinco anos. A mesma punição será aplicada àqueles que
não cumprirem as cotas mínimas de investimentos no setor. O projeto
enfrenta resistência de alguns secretários estaduais e municipais e do
próprio Ministério da Educação (MEC), que defende a implementação de um
Sistema Nacional de Educação para definir as regras de funcionamento do
ensino público.
O projeto, relatado pelo deputado Raul Henry
(PMDB-PE), estipula padrões mínimos de qualidade para as escolas
públicas no país. Na lista de itens que devem ser implementados a partir
da promulgação da lei está a definição de um piso salarial para
professores, a criação de um plano de carreira, melhorias na
infraestrutura das escolas, que deverão contar com salas de professores e
de diretores, cozinha, refeitório e biblioteca com acervo compatível
com o número de estudantes, além da determinação de que cada unidade
educacional apresente relatório semestral de gestão.
O artigo mais polêmico do projeto trata das punições para chefes de
Executivo que concluírem os mandatos com resultados piores do que os
registrados pelos seus antecessores. De acordo com o texto, os prefeitos
e governadores em cuja gestão houver retrocesso no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ficarão inelegíveis por cinco
anos. “A educação no Brasil ainda sofre com problemas de gestão,
principalmente pela falta de mecanismos para responsabilizar gestores
públicos que não acompanham o setor como deveriam. Com esse projeto,
vamos evitar que prefeitos indiquem pessoas sem a competência adequada
para cargos na área da educação, além de impedir que eles descontinuem
políticas que deram certo só para batizar novos projetos com seu nome”,
explica o deputado Raul Henry.
Apoio A proposta é defendida pelo
movimento Todos pela Educação, que tem acompanhado a tramitação no
Congresso Nacional dos principais projetos para a área e conta com a
aprovação de 78% dos brasileiros, segundo pesquisa realizada há duas
semanas pelo Ibope a pedido da entidade, em que foram entrevistadas
2.002 pessoas de 143 cidades. Para a diretora do Todos pela Educação,
Priscila Cruz, a legislação brasileira precisa avançar no aspecto de
garantir maior qualidade para o ensino. “A educação de qualidade é um
direito constitucional, mas não existe qualquer lei que assegure que
esse direito seja cumprido. Não existem punições para os casos em que a
educação é deixada de lado. Ainda temos números ruins quando se trata de
qualidade no ensino e essa lei seria um passo para corrigir isso”,
avalia Priscila.
Ela rebate a crítica feita por representantes do
MEC durante uma reunião da comissão que discute a Lei de
Responsabilidade Educacional sobre possíveis cancelamentos de convênios
entre a União e as prefeituras, que terminariam penalizando os próprios
alunos. Segundo Priscila, o texto elaborado pelo relator não prevê o
rompimento de repasses e sim a mudança no modelo de gestão. “Esse item
(cancelamento de repasses) não está no relatório. A lei não será uma
caça às bruxas, mas uma forma de cobrar mais eficiência na gestão”,
explica.
Por meio de nota, o Ministério da Educação defendeu a
necessidade de que sejam criados mecanismos de responsabilização no
processo educacional. No entanto, a pasta vê com preocupação a
tramitação de projetos que “vinculam possíveis punições a metas de
desempenho e tendem a transformar a lei numa panaceia para o conjunto de
problemas educacionais”. O MEC se posicionou contrário à aprovação do
Projeto de Lei 7.420/06, por considerar mais adequado vincular o
aperfeiçoamento do setor ao processo de instituição do Sistema Nacional
de Educação, que, segundo a pasta, deverá ocorrer no prazo de dois anos a
partir da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que também
tramita no Congresso.
Votação de vetos
Em
uma sessão tumultuada e cheia de reclamações, o Congresso manteve ontem
vetos presidenciais a três projetos. Foi a primeira vez que os
parlamentares apreciaram dispositivos vetados sem o sigilo, desde a
promulgação do voto aberto na semana passada. Deputados da oposição
reclamaram de como Sibá Machado (PT-AC) conduziu a sessão, afirmando que
ele não deveria presidi-la por não ser da Mesa Diretora. “Ele ligou o
trator e não era motorista habilitado para dirigir”, disse o deputado
Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Qualidade na sala de aula
As propostas da Lei de Responsabilidade Educacional
Definição
do padrão mínimo de qualidade para o ensino público que deve ser
implementado em até cinco anos depois que a lei entrar em vigor. Entre
os itens básicos estão: piso salarial para professores com titulação
adequada; plano de carreira; infraestrutura escolar (salas de
professores, diretores, cozinha, refeitório e biblioteca); relatórios
semestrais de gestão e aulas de reforço.
Financiamento suplementar
da União para investimentos na educação de estados e municípios até que
seja implantado o padrão mínimo no ensino público.
Os chefes do
Executivo ficam responsáveis pelo cumprimento das metas do Plano
Nacional da Educação (PNE). Como o PNE tem metas decenais, a cobrança
dos resultados será feita de forma proporcional ao tempo de mandato. Em
um mandato de quatro anos, o gestor deve cumprir, no mínimo, 40% das
metas.
Inelegibilidade para gestores quando houver retrocesso nos
índices educacionais entre o início e o fim do mandato. O cálculo de
avanços ou retrocessos na área da educação será feito por meio do Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Fonte: DP
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