A crise no sistema carcerário do Maranhão repercutiu negativamente nos
últimos dias na imprensa internacional. Em meios dos Estados Unidos, do
Reino Unido, da Espanha e da Argentina, a situação é considerada
desumana.
Para os especialistas ouvidos pela emissora pública
britânica BBC, as medidas tomadas pelas autoridades brasileiras em
relação à crise – como a transferência de detentos e o controle das
unidades pela Polícia Militar (PM) – são paliativas. No material da BBC,
é sugerida a possibilidade da construção de presídios menores para que
haja a separação de facções em diferentes unidades.
No caso da transferência, entende-se que o contato entre detentos de
diversas facções pode agravar o problema, por meio da troca e da
disseminação de técnicas de organização criminosa. Sobre a atuação da
PM, a intervenção não resolveria o problema de forma estrutural, cujo
gargalo é a falta de investimento.
A BBC ainda menciona a
preocupação manifestada ontem (7) pela organização não governamental
Anistia Internacional sobre os problemas no sistema penitenciário do
estado e a medida cautelar decretada pela Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em
dezembro de 2013, sobre a superlotação dos presídios maranhenses.
O
canal norte-americano CNN cita um caso denunciado pelo juiz brasileiro
Douglas Martins que visitou Pedrinhas e documentou a violência contra
mulheres. Segundo ele, elas são obrigadas a ter relações sexuais com
líderes de facções criminosas no interior do presídio.
No jornal
espanhol El País, o Maranhão é considerado incapaz de apurar agressões
em suas cadeias. A publicação cita a superlotação do Complexo de
Pedrinhas – que foi construído para abrigar 1,7 mil pessoas e comporta
atualmente mais de 2,5 mil – e informa que o local que deveria ser
controlado por agentes penitenciários é dominado por facções criminosas.
O
El País diz ainda que, apesar de o caso ser no Maranhão, o problema
ilustra "o que ocorre na imensa maioria dos 1.478 presídios do país". O
jornal informa que a crise maranhense não é uma novidade no Brasil e que
o mesmo presídio já havia passado por uma rebelião em 2010, quando uma
inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) alertou para o potencial
de crise no estado. A matéria espanhola lembra a medida cautelar
expedida pela OEA e o apelo da organização para um presídio em Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul.
A publicação menciona ainda a
possibilidade de intervenção federal no estado, avaliada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que recebeu ontem (7) um
relatório do governo do Maranhão sobre a situação do sistema carcerário.
Na
página do jornal argentino Clarín, uma matéria menciona avaliação de
2011 do CNJ sobre o Complexo de Pedrinhas e a negociação com detentos na
distribuição dos presos por pavilhões.
DP
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