A definição do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), na
montagem da chapa majoritária que disputará a sua sucessão vai bem além
da fronteira pernambucana. A formação praticamente sela o acordo entre
Campos e o pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, senador
Aécio Neves (MG), em torno de um pacto de não agressão, além de um
eventual apoio entre eles no caso de um segundo turno contra a
presidente Dilma Rousseff (PT), que tentará a reeleição. Ao mesmo tempo,
o PT, através do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, designou
interlocutores para abrir um canal de negociação com Campos no sentido
de que este apoie a reeleição de Dilma em um segundo turno, a despeito
das pretensões presidenciais do socialista.
A chapa escolhida por Eduardo Campos para disputar o Palácio do Campo
das Princesas foi montada de maneira a atender não apenas o projeto
estadual, mas também para abrir o leque do PSB na disputa presidencial. O
caso mais emblemático está nos palanques estaduais de Minas e
Pernambuco, redutos eleitorais tanto do socialista como do candidato
tucano. Pelo acordo tácito firmado entre eles, o PSB não dificulta a
vida de Aécio em sua terra natal, enquanto o PSDB se compromete a não
criar problemas para Campos em Pernambuco.
Este pacto também garante uma certa tranquilidade para o governador
acalmar os ânimos dentro da sua legenda, mais especificamente o do
vice-governador João Lyra. Lyra , que esperava ser o indicado para
disputar o pleito estadual, não aceitou a maneira como o processo de
escolha foi conduzido e pode vir a ser um complicador na campanha pela
eleição de Paulo Câmara.
Aécio, que nesta sexta-feira (21) reuniu-se com a bancada tucana e
também com o governador Eduardo Campos, no Recife, deixou claro que o
PSDB pernambucano deve se engajar na campanha pela eleição do secretário
da Fazenda, Paulo Câmara, escolhido por Campos para encabeçar a chapa
socialista. Este posicionamento também serve como uma sinalização para
que o DEM e o PROS também apoiem a candidatura de Paulo Câmara.
A aproximação do PSB junto ao PSDB tem sido motivo de preocupação
para o PT. Em nível estadual, o Partido dos Trabalhadores ainda não se
recuperou do racha interno das últimas eleições municipais em 2012,
estando dividido em três alas: os que apoiam a candidatura de Armando,
os que são radicalmente contrários a esta aliança e a chamada “turma do
queijo do reino [vermelhos por fora e amarelos por dentro]”, que apesar
de defenderem as diretrizes da legenda apoiam a postulação nacional de
Eduardo Campos.
Estas fissuras internas são responsáveis pelo fato de o PT
pernambucano ainda não ter se posicionado oficialmente em torno do apoio
à candidatura do senador Armando Monteiro Neto (PTB), já que muitos
integrantes do partido ainda fazem pressão por uma candidatura própria.
Um dos nomes mais cotados para esta empreitada é o do deputado federal
João Paulo.
Um dos entraves para viabilizar este projeto está no fato de o
parlamentar defender o posicionamento da Executiva Nacional em torno do
apoio à candidatura petebista na disputa pelo Governo do Estado. O
desejo para que o PT feche aliança em torno de Armando Monteiro Neto já
foi colocada pelo ex-presidente Lula, pela presidente Dilma e pelo
presidente nacional da sigla, Rui falcão.
Dentro da costura que vem sendo feita pelas duas legendas, o apoio do
PT levaria João Paulo a ser o candidato do partido ao Senado na chapa
encabeçada pelo petebista ao mesmo tempo em que assegura um palanque
forte para a presidente Dilma em Pernambuco. João Paulo também teria
como missão derrotar o ex-ministro da Integração Nacional, Fernando
Bezerra Coelho, que foi escolhido por Campos para disputar a única vaga
para a Casa Alta no pleito de outubro.
Bezerra faz parte da estratégia desenhada pelo PSB em ampliar ao
máximo a quantidade de representantes do partido no Congresso. Com uma
bancada forte e ampla o bastante para fazer a diferença nas votações
tanto do Senado como da Câmara, Campos terá a oportunidade de se firmar
como uma das principais lideranças políticas do País, mesmo que não
ganhe a corrida pelo Palácio do Planalto.
Já no caso do PT, se João Paulo aceitar disputar o Senado pela chapa
petebista, a legenda corre o risco de ver a bancada pernambucana na
Câmara dos Deputados encolher sensivelmente. Atualmente, a ala
pernambucana do partido tem como seus representantes Fernando Ferro e
Pedro Eugênio, além do próprio João Paulo, que é o maior puxador de
votos da legenda quando o assunto são as eleições para a Câmara.
Como candidato ao Senado, existem dúvidas sobre a possibilidade do PT
em eleger mais do que um deputado federal pelo Estado. O petista,
porém, já externou que deseja disputar a reeleição. Fontes do PT, porém,
asseguram que João Paulo poderá ser candidato ao Senado pela chapa
petebista, desde que a missão seja designada diretamente por Lula e que
sejam asseguradas certas garantias, entre elas a participação do próprio
Lula e da presidente Dilma na campanha em Pernambuco.
Este caldeirão interno tem levado, ainda, muitos integrantes da
legenda a defenderem a antecipação do calendário eleitoral definido pelo
partido sob a alegação de que é necessário firmar uma posição seja
junto ao PTB ou à própria militância. A pressão estaria sendo feita
tanto por parlamentares que tentam a reeleição como por novos nomes
dispostos a ganhar espaço e visibilidade.
Enquanto todos os partidos tentam sanar seus problemas internos e
estudam qual será a estratégia que será adotada, seja em nível estadual
ou nacional, o PT tenta uma última cartada para atrair o PSB para o
palanque de Dilma em um eventual segundo turno, em detrimento de uma
composição com o PSDB de Aécio Neves. Conforme apurado pelo Pernambuco 247,
o ex-presidente Lula designou um interlocutor com bom trânsito, tanto
entre o PT como o PSB, para abrir um novo canal de diálogo com Eduardo
Campos. Apesar do contato ter sido feito, o governador ainda não decidiu
se atenderá ao desejo do líder petista.
Petistas do alto escalão avaliam como viável a possibilidade do
reatamento da aliança entre o PSB e o PT, muito embora seja preciso
aparar arestas de ambos os lados que surgiram tão logo Campos se colocou
como pré-candidato à Presidência da República. As farpas trocadas ao
longo dos últimos meses e a formação de alianças nos estados, que
acabaram por colocar partidos da base governista como adversários
regionais, são apenas alguns dos pontos que parte do PT atribui às
movimentações do socialista e não consegue digerir.
A movimentação política dos próximos dias será decisiva não apenas
para os candidatos, seja na disputa pelos governos estaduais ou na
corrida presidencial, mas para o futuro dos próprios partidos.
PE/247
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